Post do IBEI

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nem tudo são flores

Nem tudo são flores


Júnia Leticia - Estado de Minas




Carência de mão de obra, burocracia e falta de terrenos são alguns dos desafios


Diretor da PHV Engenharia, Paulo Henrique defende desenvolvimento dos vetores

24/01/2011 - O crescimento histórico do Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil em 2010 trouxe um novo fôlego para o setor. Para ter uma ideia do que isso representa, de acordo com o IBGE, a última vez que a construção apresentou incremento em suas atividades com números acima de dois dígitos foi em 1986 (17,84%).

Esse acréscimo tem reflexos em todas as áreas da economia, já que a indústria da construção civil é estratégica para o desenvolvimento do país, como explica o presidente do Sinduscon-MG, Luiz Pires. Estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas apontou que, para cada R$ 10 milhões investidos na construção, são gerados 360 empregos diretos. “Considerando a cadeia produtiva como um todo, a cada R$ 10 milhões investidos, são gerados 520 postos de trabalho.”

O presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti de Paula, acredita que o cenário atual demonstra o quanto o mercado imobiliário contribui para o crescimento do país, principalmente por ser um setor de mão de obra intensiva e baixa taxa de importação. “Ou seja, gera um nível de comercialização de produtos nacionais muito alto e, com isso, contribui para o tão desejado círculo virtuoso: gera mais renda, movimenta a economia, a indústria e gera mais riqueza.”

Entretanto, o excelente momento não significa ausência de desafios. Entre eles, Luiz Pires destaca, mais uma vez, a carência e o elevado preço dos terrenos em Belo Horizonte e a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. “A lentidão dos cartórios, que não têm conseguido acompanhar o crescente número de projetos, e dos órgãos públicos, é outro.”

Ariano Cavalcanti aponta a carência de profissionais, o que fez com que fosse adiada a entrega de imóveis. “O desafio principal foi a questão da falta de mão de obra na construção civil, que acabou comprometendo o cronogramas de entrega e resultando em atrasos em lançamentos.”

Fotos: Eduardo Almeida/RA Studio
De janeiro a outubro, observou-se forte vigor nos lançamentos imobiliários, que alcançaram número recorde na era pós-Real

Eduardo Almeida/RA Studio

De janeiro a outubro, observou-se forte vigor nos lançamentos imobiliários, que alcançaram número recorde na era pós-Real
SUPERVALORIZAÇÃO

A justificativa para a formação desse cenário foi o acelerado crescimento das atividades do setor nos últimos anos em Belo Horizonte. Com isso, houve um aumento da aquisição de terrenos por investidores e empreendedores, reduzindo a oferta, que já não era muita, conforme o presidente do Sinduscon-MG. “Fazendo, assim, com que os proprietários supervalorizassem os seus. Daí, o aumento exagerado dos preços.”

Os cartórios e órgãos públicos também sentiram a consequência da rápida expansão do mercado imobiliário e, segundo Luiz Pires, não estavam preparados para a alta demanda. “No caso da prefeitura, um agravante foi a aprovação da nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, que reduziu o potencial construtivo das edificações e fez com que os construtores corressem com seus projetos para serem aprovados antes da entrada em vigor da lei.”

Para mudarr esse cenário, o diretor da PHV Engenharia, Paulo Henrique Vasconcelos, observa que houve um movimento das construtoras. Para suprir a falta de profissionais, por exemplo, agregaram-se processos construtivos e novas tecnologias. Até mesmo para atender a demanda de consumidores cada vez mais exigentes.

Com relação à carga trabalhista, Luiz Pires diz que o mercado acaba absorvendo a situação, mas com prejuízo nas contratações. “Em relação à dificuldade de encontrar mão de obra, as soluções têm sido a qualificação dos profissionais nos próprios canteiros”, diz. Como os programas de qualificação vão se firmando e a projeção de crescimento do setor para 2011 é menor do que a de 2010, a expectativa é que o problema seja atenuado.

No que se refere à burocracia e à morosidade de cartórios e dos órgãos públicos para a aprovação de projetos, ele diz que a alternativa é pressioná-los para ampliar suas estruturas frente ao crescimento da demanda.

REVITALIZAÇÃO

Para atender à carência por moradias, as apostas recaem sobre as regiões da Pampulha e Norte da capital, como aponta o vice-presidente de Corretoras da CMI/Secovi-MG, José de Filippo Neto. “Outra aposta é a revitalização de regiões que têm muitas casas, como a Lagoinha, que não tinham atratividade tão grande, mas, pelo adensamento da cidade, acabam sendo revitalizados por meio de novos empreendimentos.”

O Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte está entre as áreas mais cotadas pelas construtoras. A valorização de uma área até há pouco tempo ignorada pelo mercado imobiliário significa uma mudança de cultura, na visão de José de Filippo Neto. Para Paulo Henrique, além da Pampulha e do Vetor Norte, a aposta são os bairros na entrada de Nova Lima. “A construção de imóveis nessas regiões significa a expansão da cidade como um todo, com crescimento e desenvolvimento para todos os seus vetores.”

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DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I

Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.


Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais