IGMI-Comercial, as clarezas, os desafios e projeção

São Paulo - “O mercado imobiliário é carente de parâmetros para balizar os investimentos no setor, daí que é válida a iniciativa de lançamento do Índice Geral do Mercado Imobiliário - Comercial (IGMI-C)”, opina o diretor-presidente da Vitacon Participações, engenheiro Alexandre Lafer Frankel. Porém, faz ressalvas.

O IGMI-C, lançado hoje (11, fevereiro) pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), é um índice de rentabilidade para retratar o desempenho de mercado de escritórios, estabelecimentos comerciais e outros tipos de imóveis corporativos. Os dados que levarão a FGV a compor o índice, de divulgação trimestral, serão apurados junto a investidores, entidades do setor, consultores e gestores de carteiras imobiliárias.

Por ocasião do lançamento da nova ferramenta para o mercado investidor, o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp), José de Souza Mendonça, disse que o IGMI-C tem como uma de suas qualidades universalizar as informações - o que não ocorre até aqui em relação à valorização dos imóveis, fator fundamental para orientar investimentos.

A questão da universalização de informações pode ser plenamente aplicada para o mercado imobiliário, que se expande num cenário urbano influenciado por variáveis que, além de inúmeras, são altamente dinâmicas? Não, não pode, é a opinião de Alexandre Lafer.

“Na verdade, não é possível. As commodities, como o milho, são as mesmas, sempre, em qualquer lugar. A Bovespa tem uma cesta de ações que indica, por exemplo, uma oscilação de 10% no mercado de determinadas commodities, e ponto final. Com o imóvel é o oposto. Imóveis iguais não cabem em uma mesma cesta. As diferenças de localização, até na mesma rua e de um bairro para outro, de uma cidade para outra; o valor da taxa condominial; e outras inúmeras variáveis interferem na avaliação”, comenta.

Útil para a visão macro - Um índice mede o passado e o traz ao presente. Em se tratando de mercado imobiliário, como será possível extrapolar a situação para o futuro, e em que distância de tempo conseguirá enxergar? Para Alexandre Lafer, esse exercício é muito complicado.

“O que está em produção prevê demanda, analisada sob vários aspectos. O ciclo do produto imobiliário é longo – em média, 36 meses a partir da data zero. No decorrer desse período, uma unidade em edifício comercial, construído e ocupado, pode apresentar rentabilidade, por exemplo, com variação de 10%, para mais ou para menos. Não significa, em absoluto, que será idêntica, ou mesmo semelhante, a variação de rentabilidade das unidades em um novo edifício, localizado na mesma rua e com unidades semelhantes”, analisa Lafer.

Embora entendendo que o novo índice não terá grande utilidade para o pequeno investidor medir seu ativo, Alexandre Lafer vê no IGMI-C uma função importante: “O novo índice não tem força de comparação, porém será útil para que os bancos e as grandes corporações, que possuem carteiras imensas, tenham uma visão macro do mercado”.

Fonte:R7