quarta-feira, 16 de março de 2011
Compra na planta, atenção ao reajuste
Durante a construção, parcelas e saldo devedor do imóvel são atualizados pelo INCC, que acumulou 7,57% em 2010
Daliane Nogueira
A opção de comprar imóvel na planta, para quem pode esperar a conclusão da obra, é uma forma de pagar menos pelo bem. De acordo com estudos do Sindicato da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), a economia fica entre 20% e 30% na comparação com um imóvel pronto de mesmo padrão. Isso porque, do lançamento à entrega das chaves, o imóvel tende a valorizar.
Mas há um porém. O preço visto na tabela do plantão de vendas sofre reajustes no decorrer da obra e essa conta não é analisada com cautela por muitos consumidores, alerta a advogada especialista em Direito Imobiliário Ana Carolina Almeida Ribeiro, do escritório Marins Bertoldi.
Efeito que a secretária Lourdes Gomes está sentindo no bolso. “No contrato há a cláusula prevendo o reajuste das parcelas e saldo devedor pelo Índice Nacional de Construção Civil (INCC), mas não esperava que acumulasse quase 8% (7,57%) em 2010”, diz.
Saiba mais
Confira os principais cuidados ao comprar um imóvel na plantaConfira uma simulação do INCC (necessita de Adobe Reader, que pode ser instalado aqui)O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é medido mensalmente baseado nos custos dos materiais de construção e mão de obra. A referência só pode ser usada pelas construtoras e incorporadoras no período da construção do imóvel.
A pedido da reportagem da Gazeta do Povo o engenheiro civil, consultor imobiliário da Oficina de Investimentos e Gerente Educacional da Save Invest Inteligência Imobiliária, Tales Bergmeyer Morigi, fez uma simulação considerando o exemplo de um imóvel adquirido em janeiro de 2010 e seu saldo atualizado pelo INCC, até janeiro de 2011.
Simulação
Na compra de um imóvel de R$ 200 mil as condições negociadas com a construtora foram as seguintes: 30% do valor do imóvel (R$ 60 mil) durante a obra de 30 meses e 70% (R$ 140 mil) para serem pagos após a entrega das chaves com financiamento em instituição bancária.
Os R$ 60 mil da obra ficaram nas seguintes condições: 3 parcelas de R$ 4 mil, 27 parcelas de R$ 800,00 e R$26.400,00 nas chaves.
Após 12 meses a parcela mensal passou para R$ 859,26, o valor a ser pago para a construtora no recebimento das chaves está em R$ 28.355,55 e o valor de financiamento aumentou em R$ 10.370,90 do valor contratado.
Se o INCC dos meses restantes repetissem os valores de 2010, o valor do financiamento chegaria a R$ 172 mil, ou seja, R$ 32 mil a mais que o valor contratado.
Tales ressalta a importância de considerar a correção antes de adquirir o imóvel na planta, avaliando se cabe no orçamento familiar.
De acordo com o presidente do Sinduscon-PR, Normando Baú, as contrutoras, durante o período de obras, podem reajustar o valor das unidades utilizando índices referenciais do setor – o INCC, medido mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ou o Custos Unitários Básicos de Construção (CUB), que é calculado em cada estado. “No caso do Paraná, geralmente o CUB fica acima do INCC. O acumulado de 2010 é de 8,4%”, aponta o economista e consultor de investimentos Rafael Cordeiro.
O reajuste, lembra ele, ocorre sobre o valor das parcelas, das chaves (valor a ser pago na entrega) e do saldo a ser financiado. “Em um ano o saldo que terei de financiar deu um salto de R$ 8 mil. Como ainda há mais um ano de obras, fico preocupada se minha renda comportará o financiamento”, explica Lourdes.
Cordeiro alerta para a necessidade de ler atentamente o contrato de compra e venda e fazer uma projeção do reajuste, comprometendo menor percentual da renda na hora da compra. “O ideal é fugir ao máximo das correções, optando por um imóvel em estágio avançado de obras ou pronto”, diz.
O engenheiro civil e consultor imobiliário Tales Bergmeyer Morigi, da Oficina de Investimentos, por sua vez, percebe vantagens em comprar na planta. Ele explica que, ao escolher o imóvel, é preciso verificar o potencial de valorização, levando em conta que parte do lucro diminuirá com o reajuste. “Com planejamento financeiro e análise cautelosa da empresa e do empreendimento, não vejo a atualização do preço do produto como algo que torne o negócio inviável”, afirma.
Nos casos em que o financiamento acontece diretamente com a construtora após a entrega das chaves, é de praxe aplicar outros índices inflacionários, como IPCA, IMPC ou IGPM.
Juros
O reajuste com base em um índice referencial está em conformidade com a lei e com a prática de mercado. O que mais preocupa os órgãos de defesa do consumidor, no entanto, é o acréscimo de juros às parcelas.
“Considerando que os juros constituem a remuneração devida pelo consumidor ao contrair financiamentos e empréstimos, a cobrança antes da entrega das chaves constitui prática abusiva”, opina a gerente jurídica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Maria Elisa Novais. Segundo ela, havendo cláusula que prevê a prática, o consumidor pode requerer a nulidade na Justiça e a devolução dos valores em dobro.
Fonte Gazeta do povo
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Paulo Viana Cunha
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DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I
Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.
Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais
Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais
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