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quarta-feira, 16 de março de 2011

O futuro do crédito


Redação - Estado de Minas

E-mail para esta coluna: comunicacao@sinduscon-mg.org.br

Jorge Luiz Oliveira de Almeida




Por lei, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em caderneta de poupança para o crédito habitacional. Atualmente, existe a preocupação de que o crescimento da caderneta não acompanhe os financiamentos. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o saldo dos recursos da poupança avança num ritmo de 20% ao ano, enquanto o financiamento imobiliário cresce num ritmo bem mais acelerado: cerca de 50%. Portanto, em alguns anos, será necessário recorrer a outras fontes de recursos.


Já existe consenso entre os analistas do setor de que é necessário um novo funding para sustentar o crescimento dos empréstimos imobiliários no país. Conforme estimativas da Abecip, em dois anos, ou seja, até 2013, os direcionamentos dos recursos para a caderneta de poupança não serão suficientes para atender o crescimento da demanda. Vale esclarecer que esses recursos não vão acabar. Eles apenas serão insuficientes para atender a expansão esperada para o financiamento imobiliário.
Vale ressaltar também que a escassez desses recursos não significa perspectivas negativas para o setor da construção. Aliás, deve-se deixar claro que a necessidade de encontrar novas fontes de dinheiro ocorre em função da resposta positiva para a área habitacional. Pode-se dizer que é resultado do sucesso do processo de financiamento no país nos últimos anos

Não se pode pensar em desenvolvimento sustentável do crédito imobiliário com somente duas fontes (caderneta de poupança e FGTS). A agenda habitacional do país precisa de alternativas e, hoje, sem dúvida, a securitização de recebíveis imobiliários é a mais viável e saudável para suprir essa necessidade.
Em geral, no mundo todo, é o mercado secundário que alimenta o mercado de financiamento imobiliário. No Brasil, o Sistema de Financiamento Imobiliário, criado em 1997 pela Lei 9.514/97, precisa se consolidar como uma alternativa capaz de suprir o mercado com fontes de recursos de longo prazo para que o financiamento imobiliário continue apresentando expansão e registrando resultados positivos. A securitização imobiliária apresenta condições para prosperar no mercado de capitais e o arcabouço legal consistente é um dos fatores que podem confirmar isso.
Deve-se lembrar que a securitização é um processo por meio do qual os créditos imobiliários são convertidos em títulos imobiliários (Certificados de Recebíveis Imobiliários – CRIs) por Companhias Securitizadoras de Crédito Imobiliário e que podem ser negociados no mercado financeiro e também no mercado de capitais. Portanto, os CRIs referem-se a títulos que são lastreados em créditos imobiliários.
Apesar de já ter eficientes instrumentos jurídicos para isso, o mercado secundário de crédito imobiliário no país ainda é incipiente. Enquanto na Europa avança a utilização dos Covered bonds, que é um passo à frente na securitização imobiliária, o Brasil ainda precisa estimular muito a utilização do CRI. O Covered bond é um título emitido por instituições financeiras que traz uma determinada carteira pré-analisada pelos investidores que vai ser garantia. Se tiver inadimplência ou até insolvência da instituição, essa carteira é transferida aos detentores dos títulos.
Na securitização, o investidor pega o risco do tomador no final. No Covered bond há duas garantias: um banco e um tomador. Certamente, esse é o futuro do financiamento imobiliário. Já os CRIs são títulos de renda fixa e têm como garantia os créditos imobiliários, que foram originados nos financiamentos imobiliários. Para as pessoas físicas, esses títulos têm isenção de Imposto de Renda.
Como se vê, alternativas existem e precisam ser consideradas. O bom é que a discussão para essa questão já começou, o que sinaliza o amadurecimento do mercado e a preocupação com a matéria. Com uma nova possibilidade de funding, o país certamente avançará ainda mais no seu processo imobiliário.

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DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I

Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.


Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais