Post do IBEI

terça-feira, 22 de março de 2011

DIREITO URBANÍSTICO


 PROF°. FRANCIS RAJZMAN


Disciplina jurídica que incide sobre o urbanismo, palavra originada do latimurbes, que significa cidade, tendo como objeto de estudos as cidades e o estabelecimento humano e suas necessidades. O urbanismo evolui com a cidade.


Aurbani zação é o processo pelo qual a população urbana cresce desproporcionalmente em relação à população rural, que migra em virtude da mecanização do campo e perspectivas de melhora financeira.

Constitui em um fenômeno moderno da sociedade industrializada, sendo gerada pela Revolução Industrial, que transformou centros urbanos em grandes aglomerações de fábricas e escritórios permeados de habitações espremidas e precárias.

Traz inúmeros problemas: a desorganização social com carência de habitações, desemprego, problemas com higiene e saneamento básico, modifica a organização do solo e transforma a paisagem urbana. Solução: através da intervenção do Estado que deve procurar transformar o meio urbano e criar novas formas. Daurbanização surge aurbanificação, que consiste no processo de correção da urbanização (crescimento desordenado), na renovação urbana, inclusive criando cidades artificiais como Brasília. O termourbanificação foi criado por Gaston Bardet, para designar a aplicação dos princípios do urbanismo. Pode-se raciocinar da seguinte forma: • Urbanização = mal (crescimento desordenado). • Urbanificação = remédio (reorganização, reestruturação das cidades). Evolução histórica dos níveis de organização das cidades – objeto do estudo que segue: 1°. Estágio: pré-urbano, sociedade gentílica, grupos homogêneos e auto-suficientes, dedicados à busca do alimento, porém ainda não considerado como cidade. 2°. Estágio: sociedade pré-industrial, já se dispunha de metalurgia, arado e roda, desenvolvendo-se então cidades como: Babilônia, Roma, Atenas, Tebas,... 3°. Estágio: cidade industrial moderna, associada a uma organização humana complexa, caracterizada pela educação de massa, avanço tecnológico e uso de novas fontes de energia. Fala-se ainda, em um outro estágio, a cidade pós-industrial, onde o fornecimento de bens e serviços tem primazia sobre a produção e transformação de alimentos e utensílios. Urbano-rural. No Brasil, a povoação inicia-se na Colônia, sempre ligada aos critérios econômicos. Em virtude da exploração do pau-brasil as expedições fundaram vilas e povoados, chegando-se até a criação da cidade de Salvador pela expedição de Tomé de Souza. As cidades brasileiras desenvolveram-se ao longo do litoral em virtude do comércio exterior, em Minas Geraes e Goiás pela mineração, no Nordeste pela cana-de-açúcar, e no Sul por causa das vacarias. Observe, sempre em virtude da exploração econômica, as cidades brasileiras não se desenvolveram espontaneamente.


A urbanização do interior, deu-se em virtude da construção de Brasília e a mudança da Capital para esta cidade. A concentração industrial dividiu-se entre Rio e São Paulo. Na década de 40, as cidades eram vistas como uma possibilidade de avanço e modernidade em relação ao campo, fazendo com que ocorresse o êxodo visando melhor qualidade de vida e emprego. Na década de 90, a imagem das grandes cidades passou a ser atrelada à violência, poluição, abandono de crianças nas ruas, trânsito caótico, entre outros. Conurbação: nova e diferente forma de assentamento urbano nas cidades. Metrópole com problemas jurídico-urbanísticos específicos. Lei Lehman, Lei n. 6.766/79 – contribuiu para o crescimento das favelas ao invés de corrigir a situação. Para que um centro habitacional seja considerado urbano, é necessário o preenchimento de alguns requisitos como densidade demográfica específica, profissões urbanas, economia permanente,...Nem todo o núcleo urbano constitui uma cidade.

O conceito de cidade segue três concepções: 1. Demográfica – quantidade de habitantes.

2. Econômica – a satisfação econômica da demanda diária da população.

3. Subsistemas – sediar organizações administrativas, comerciais, industriais, sócio-culturais...



A urbanização criou problemas urbanos que precisavam ser corrigidos pela urbanificação, mediante a ordenação dos espaços habitáveis, de onde originou o urbanismo como técnica e ciência. Nas cidades antigas e medievais essas regras urbanísticas já existiam, mas foi na Idade Média que começaram a surgir algumas normas jurídicas urbanísticas. O urbanismo correlaciona-se com a cidade industrial, como um instrumento de correção dos desequilíbrios urbanos, nascidos da urbanização e agravadas pela “explosão urbana” de nossos tempos.

As tentativas de correções das cidades tinham duas posições: 1ª. Corrente: dos utopistas. 2ª. Corrente: dos especialistas e funcionários que introduzem regulamentos sanitários e serviços administrativos, que transformam o meio urbano e deu origem à legislação urbanística moderna.
Via-se o urbanismo primeiramente como arte de embelezamento das cidades, evoluindo posteriormente ao contexto social, objetivando a organização urbana e o bem estar coletivo. Três são as funções fundamentais para a realização do urbanismo: 1. Habitar.


2. Trabalhar.

3. Recrear.



Objetos: 1. Ocupação do solo.

2. Organização da circulação.

3. Legislação.



Deve-se ampliar o objeto do urbanismo incluindo não somente a cidade, mas todo o território ao seu entorno, incluindo a zona rural, assim, representa a ciência do estabelecimento humano, preocupando- se com a sistematização do território. Organiza espaços habitáveis visando à realização da qualidade de vida humana.

Hely Lopes Meirelles define da seguinte forma: o urbanismo é o conjunto de medidas estatais destinados a organizar os espaços habitáveis, de modo a propiciar melhores condições de vida ao homem na comunidade.

Atividade urbanística: ação destinada a realizar os fins do urbanismo e aplicar seus princípios. Objetos da atividade urbanística: • Planejamento urbanístico – é o princípio de toda a atividade urbanística, idéia do que seja desejável para o lugar ou território em questão. • Ordenação do solo – planejamento quanto à ocupação e uso dos espaços habitáveis. • Ordenação urbanística de áreas de interesse especial - interesse ambiental, histórico-cultural (preservação) e turístico. • Ordenação urbanística da atividade edilícia – examinar os projetos para verificar a harmonia com o plano e as regras de ordenação e uso do solo. • Instrumentos de intervenção urbanística - de instalações e construções especiais situadas em lugar definido nos planos - é necessário fazer uma política do solo, para isso, existe a necessidade de que a legislação preveja o controle de mercado e lotes, o direito especial de preferência, o reparcelamento de terrenos, a edificação compulsória, a expropriação para fins urbanísticos, a valorização do solo, o aumento da tributação sobre lotes edificáveis ou não. – Todos instrumentos de intervenção urbanística destinada a possibilitar a execução do plano e a ordenação do solo.

A atividade urbanística consiste na intervenção do Poder Público com o objetivo de ordenar espaços


habitáveis.

Atividade dirigida à realização do triplo objetivo de humanização, ordenação e harmonização dos

ambientes em que vive o homem, o urbano e o rural.

É realizada pelo Poder Público mediante intervenção na propriedade privada e na vida econômica e

social das aglomerações urbanas e no campo, com o fim de propiciar os objetivos pretendidos.

A atividade urbanística é função pública, deve contar com autorizações legais para limitar os direitos

dos proprietários particulares ou para privá-los da propriedade.

Exigência fundamental para uma gestão democrática da cidade – o respeito ao princípio da legalidade

– através do Estatuto da Cidade, Lei n. 10.257/01 – art. 43 – Gestão democrática da cidade.

A atividade urbanística do Poder Público gera conflitos entre o interesse coletivo à ordenação

adequada do espaço físico para o melhor exercício das funções sociais da cidade.

:Fonte :http://pt.scribd.com/doc/2505055/DIREITO-URBANISTICO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Responderei o mais rápido Possivel

Participe do grupo Estudos Imobiliários
E-mail:
Visitar este grupo
Participe : Da discussão sobre a lei de uso e ocupação do solo Pl820

ShareThis

DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I

Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.


Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais