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quinta-feira, 17 de março de 2011

BH começa a sentir no tráfego o impacto das obras para a Copa




Nayara Menezes - Estado de Minas



Publicação: 17/03/2011 06:43 Atualização: 17/03/2011 07:41





A experiência no primeiro dia das intervenções na Avenida Antônio Carlos, perto da trincheira da Avenida Santa Rosa, foi traumática para os motoristas

Motoristas de Belo Horizonte devem começar se preparar. Vão precisar de muita paciência para enfrentar congestionamentos quilométricos ao atravessar a cidade, que começa a se transformar em um canteiro de obras. Aqueles que passaram pela avenida Antônio Carlos, próximo à trincheira da Avenida Santa Rosa, na Pampulha, nos últimos dias, puderam ter uma prévia do que os aguarda. A retenção, que vem causando transtornos, é reflexo das obras de duplicação da Avenida Pedro I e da implantação do transporte rápido por ônibus (BRT, na sigla em inglês). E esta é apenas a segunda de sete intervenções viárias previstas para o município até a Copa do Mundo em 2014 (veja arte). Apesar da magnitude dos empreendimentos, a BHTrans, empresa que gerencia o trânsito na cidade, admite não ter nenhum planejamento global que considere todas as obras para minimizar os impactos gerados no trânsito.


A BHTrans, por meio da assessoria de imprensa, informou que algumas alternativas serão criadas, como a retirada de alguns semáforos em locais onde há passarelas para pedestres. Mas argumenta que tais providências serão tomadas apenas à medida que as obras forem ocorrendo. O que, para o mestre em engenharia de transportes Renato Ribeiro, reflete a má administração do trânsito na capital. “Infelizmente, no Brasil não se tem o hábito de fazer gestão do trânsito com planos de contingência, ou seja, que faça um estudo para prever as consequências das intervenções e elaborar alternativas para a situação não chegar ao caos”.



Segundo Ribeiro, é possível minimizar os efeitos das obras, caso se faça um bom planejamento. “Hoje, já há tecnologia disponível no mercado que permite fazer simulação de tráfego. Mas os órgãos que administram o trânsito, lamentavelmente, não recorrem a essas ferramentas.” Para ele, a situação na capital só tende a piorar com a aproximação do calendário de eventos. Já para o consultor em transportes Osias Baptista Neto, tal plano é difícil de ser feito com tanta antecedência. “Em obras há muitas variantes mutáveis e nem sempre é possível prever tudo, principalmente quando se depende de liberação de recursos, licitações etc”.


Inaceitável

Na opinião do presidente do Instituto de Mobilidade Sustentável, João Luiz da Silva Dias, apesar da dificuldade de se prever os impactos de uma obra, algumas situações são inaceitáveis. “Não dá para intervir na Antônio Carlos e na Cristiano Machado no mesmo período, por exemplo. Seria repetir a tragédia que fizeram ao trabalhar os dois estádios da cidade ao mesmo tempo. Um absurdo”.

Mas os moradores podem esperar pela “tragédia” mencionada pelo especialista. De acordo com o presidente do Comitê Executivo da Copa 2014, Tiago Lacerda, provavelmente os empreendimentos para a implantação dos BRTs na Antônio Carlos e na Cristiano Machado ocorrerão simultaneamente. “São intervenções muito grandes, com prazo de entrega apertado. Não dá para esperar uma acabar, para iniciar as obras. A população vai ter que entender que os transtornos momentâneos são em prol de um benefício futuro permanente”, argumenta Lacerda.
Fonte:Estado de Minas

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DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I

Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.


Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais