Post do IBEI

sexta-feira, 18 de março de 2011

Vida de condomínio: Uso da garagem para outros fins

Júnia Leticia - Estado de Minas




Eduardo Almeida/RA Studio



Diretor jurídico da Abcon, Breno Renato Marques Fabrino lembra que a guarda de material na garagem do prédio não pode pôr em risco a integridade dos moradores



Em edifícios, todos sabem que os espaços são reduzidos e, por isso mesmo, respeitar e zelar pela organização do condomínio é essencial para a boa convivência. Afinal, qualquer barulho ou sujeira podem acarretar incômodo para os vizinhos. Principalmente em caso de obras, em que é necessário utilizar a garagem para colocar o material de construção.



Para abordar se é permitido ou não utilizar o espaço para esse fim, o diretor jurídico da Associação Brasileira de Condôminos, Prestadores de Serviços, Empresas e Organizações Afins (Abcon), Breno Renato Marques Fabrino, fala que, antes de tudo, é preciso fazer algumas diferenciações. "As garagens podem ser unidades autônomas, com registro imobiliário próprio, e serem tributadas pelo IPTU, independentemente, inclusive, do próprio apartamento", conta.



Neste caso, tratam-se de duas unidades autônomas, ou seja, o morador adquiriu dois imóveis. Sendo assim, o advogado fala que a convenção de condomínio e o regimento interno não podem impedir a colocação temporária de material na garagem, seja de construção ou não. "Posto que o proprietário conta com a proteção do artigo 1.331, parágrafo 1º, do Código Civil", explica Breno.



Mesmo assim, ele alerta que a guarda de material não pode pôr em risco a propriedade ou mesmo a integridade física dos moradores. "Não se pode causar problemas ou incômodos aos demais proprietários de garagens no condomínio e também não se pode fugir da destinação usual do próprio condomínio."



Outra situação é o caso de garagens que são áreas comuns do edifício, demarcadas e individualizadas, que são determinadas via sorteio ou por consenso, e homologadas em assembleia geral de condôminos. "Nesse tipo de garagem não há que se falar em direito de propriedade autônoma, pois este não existe. O condômino tem o direito de uso que deriva da autorização dada pelo regimento interno e a convenção condominial. Neste caso, vale o que determinarem os regulamentos", esclarece o advogado.



Segundo Breno, as garagens também podem ser estacionamentos, em que os moradores não têm vagas individualizadas e colocam seus veículos no local que estiver disponível no momento em que chegam ao edifício. "Nesse caso, também prevalece o estabelecido no regimento interno e na convenção condominial. No entanto, a meu ver, torna-se ainda mais difícil a possibilidade de se alocar material de construção em uma das vagas, pois os condôminos não têm sequer direito a uma localização específica."



Independentemente do tipo de garagem, o certo é que, em nenhum dos casos, pode haver ofensas ou riscos à propriedade dos demais moradores, como invasão de vagas alheias, danos a veículos ou imposição de obstáculos para acesso às vagas. "Nem mesmo no primeiro tipo de garagem relacionado isso pode ocorrer, pois o direito de propriedade de cada condômino encontra-se limitado pelo direito de propriedade dos demais", ressalta o advogado.

2 comentários:

  1. Gostaria de saber se se pode usuário pode utilizar a garagem para fazer festa ou coisa do tipo?

    Grata

    Magaly Dantas

    ResponderExcluir
  2. simonedeoliveiracorretora@Yahoo.com.br21 de fevereiro de 2013 às 11:02

    Eu tenho uma vaga qual o IPTU é separado do apartamento, sendo assim a matricula também, embora esteja junto com o apartamento. Deixo meu amigo usar minha garagem por estar sem carro no momento, mas me disseram que nao posso fazer isso. Não posso mesmo? Obrigada

    ResponderExcluir

Responderei o mais rápido Possivel

Participe do grupo Estudos Imobiliários
E-mail:
Visitar este grupo
Participe : Da discussão sobre a lei de uso e ocupação do solo Pl820

ShareThis

DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I

Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.


Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais