Post do IBEI

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Não há bolha imobiliária no Brasil, diz Abecip




GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO

Atualizado às 19h09.

O Brasil não está passando por uma bolha imobiliária, afirma Luiz Antonio França, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). De acordo com ele, o aumento nos preços dos imóveis visto nos últimos anos não é artificial e tem sido acompanhado por um aumento da massa salarial.

"Não há bolha. Não estamos vendo um deslocamento dos preços dos imóveis de outros ativos da sociedade", disse, em entrevista em São Paulo. Segundo ele, nos últimos dez anos, o preço dos imóveis acompanhou a curva no INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).

Financiamento imobiliário com poupança bate recorde em 2010

Além disso, de acordo com ele, a massa salarial crescente, com o aumento do emprego e da renda no país, aumenta a capacidade de pagamento da população.

França ressaltou ainda que não há um movimento de especulação com os preços dos imóveis. "Não há pessoas comprando imóveis esperando uma valorização dos preços para revendê-los."

Em 2010, enquanto os valores financiados com recursos da poupança cresceram 65%, para R$ 56,2 bilhões, o número de unidades financiadas subiu apenas 39%, para 421,4 mil. Os dados, segundo França, apontam uma valorização de preços.

Além disso, o valor médio do financiamento no ano passado subiu 18,8%, para R$ 133 mil, enquanto o percentual do financiamento em relação ao valor do imóvel subiu de 61,1%, em 2009, para 62%.

Neste ano, no entanto, a Abecip espera uma estabilização no nível de preços dos imóveis. "As correções nos preços já foram feitas, e agora não deve mais haver alta. O preço atual é o justo para o momento", disse o presidente da entidade.

O setor defende que os preços dos imóveis ficaram "represados" durante anos e, com o aumento da demanda, acabaram subindo mais que a inflação. Só no ano passado, o metro quadrado médio dos lançamentos na cidade de São Paulo teve alta de cerca de 30%, segundo informações da empresa de pesquisas imobiliárias Geoimovel.

RECURSOS

O presidente da Abecip voltou a citar o problema de escassez de recursos que o setor deve enfrentar nos próximos anos. De acordo com dados da entidade, até 2013 os bancos devem começar a ter dificuldades para fazer empréstimos com os recursos da poupança.

"O saldo da poupança está crescendo 18% ao ano, enquanto a demanda cresce 51%. Então uma hora você vai ter mais demanda que recursos", disse França.

No ano passado, a poupança fechou dezembro com saldo de R$ 299,9 bilhões.

De acordo com o presidente da Abecip, a entidade discute com o governo novas formas de financiar o setor, como securitização, captação de longo prazo e os chamados covered bonds --títulos emitidos por bancos sobre a carteira de crédito, mas que possuem proteção para o investidor em caso de quebra da instituição financeira.

Ele afirmou ainda que o governo e o setor estudam benefícios fiscais para impedir o encarecimento dos financiamentos com recursos vindos de outras fontes, que não a poupança. Uma dessas medidas seria a dedutibilidade dos juros pagos nos empréstimos do Imposto de Renda.

A Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio) espera uma procura maior por consórcios de imóveis nos próximos anos, impulsionada pela falta de recursos para o financiamento da casa própria com o dinheiro da poupança. Em 2010, a venda de novas cotas de consórcio imobiliário cresceu 8,8% sobre 2009.

Foram vendidas 223,6 mi cotas de consórcio de imóveis no ano passado, quando o total de participantes nessa modalidade chegou a 580 mil.

folha

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DESAPROPRIAÇÃO DA AVENIDA PEDRO I

Paulo Viana Cunha é advogado especializado em negócios imobiliários. Representando comerciantes da região, formou Comissão de Moradores e Comerciantes da Av. Pedro 1º, com objetivo de conhecer os projetos e debater, com a comunidade e o Poder Público Municipal, algumas alternativas que atendam ao interesse público, com menor impacto para a Comunidade local.Os interessados podem contatar a Comissão pelo Telefone (31) 2551-2718.


Ares de mudança começam a rondar, pelo menos no papel, o entorno da Avenida Pedro I, que corta as regiões Pampulha e Venda Nova, em Belo Horizonte. A prefeitura decretou de utilidade pública, para fins de desapropriação, cerca de 240 imóveis no Bairro Santa Branca, na primeira região. Publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM), a decisão é um importante passo para duplicar a via e implantar o Transporte Rápido por Ônibus (BRT, bus rapid transit, em inglês). Junto das avenidas Pedro II/Carlos Luz e Cristiano Machado, o corredor Antônio Carlos/Pedro I vai receber o novo sistema, principal aposta do poder público para agilizar o trânsito na capital, visando a Copa do Mundo de 2014. Inspirado no metrô, o sistema conta com pistas exclusivas para os coletivos, plataformas em nível, pagamento da tarifa antes do embarque, além de ônibus articulados. Apenas para preparar o caminho para o novo modelo de transporte, a prefeitura calcula um gasto de R$ 180 milhões em desapropriações, além dos R$ 217,7 milhões da duplicação. O projeto total é orçado em R$ 700 milhões. Pela previsão da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), as desapropriações, que vão ocorrer, sobretudo no sentido Centro/bairro, começam em janeiro e as máquinas entram em campo dois meses depois. Já em setembro, a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego da capital, decide qual consultoria dará apoio à execução das obras de requalificação da Pedro I. Atualmente, a via tem duas pistas de duas faixas em cada sentido, e será duplicada em toda sua extensão. São cerca de 3,5 quilômetros, compreendidos entre as avenidas Portugal e Vilarinho. A obra amplia em 27 metros a via, por onde circulam cerca de 45 mil veículos diariamente. O corredor ganha mais uma pista, com duas faixas por sentido, exclusiva para transporte coletivo. Depois de concluída esta primeira fase, será iniciada de fato a implantação do BRT, com a construção de estações de embarque e desembarque de passageiros, além de terminal de integração com outras linhas. A previsão é que no segundo semestre de 2012 a população já possa circular nos ônibus articulados, nos moldes de capitais como Curitiba e Bogotá (Colômbia). INDENIZAÇÃO A notícia deixa em alerta quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida, consagrada pelo comércio de automóveis e materiais de construção. Apesar de não ter havido proposta formal, proprietários de imóveis temem receber valor aquém ao de mercado, aquecido pela especulação imobiliária. Já os inquilinos lamentam abandonar a avenida, e outros respiram aliviados, com a desapropriação parcial do terreno, dando oportunidade de permanecer no ponto. Preocupados com as mudanças, moradores e comerciantes formaram comissão para acompanhar todo processo. A discussão foi, inclusive, pauta de audiência pública na Câmara Municipal esta semana. De acordo com o advogado da Comissão dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Paulo Viana Cunha, a principal preocupação é em relação ao preço a ser pago pelos imóveis. “Além de desapropriar, em muitos casos, a medida mata o negócio. E a prefeitura já disse que não pagará a indenização para fins de comércio”, ressalta. Segundo ele, moradores também questionam a poluição do ar e sonora trazida pela obra. Essas questões serão discutidas, segunda-feira, em reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Especulação eleva preços Há mais de 30 anos na Avenida Pedro I, na altura do Bairro Santa Branca, Região da Pampulha, a Pujal Autopeças passou ilesa pela primeira duplicação da via, quando o comandante dos negócios era ainda o pai de Marcelo Marques Teixeira, que divide a gerência da loja com mais dois irmãos. Desta vez, eles estão na lista de desapropriação e, de malas prontas, lamentam a mudança forçada para nova sede, no bairro vizinho, o Santa Mônica. “Vamos perder muito com a mudança. Queríamos ir para a Avenida Portugal, aqui perto, mas a especulação aumentou demais. O preço está fora da realidade. Tem terreno de 1 mil metros quadrados valendo R$ 1 milhão”, comenta. A expectativa é conseguir receber da prefeitura valor compatível com o investimento de uma vida. “O ponto aqui é sem comparação”, afirma. Se, para os comerciantes, a preocupação é o sustento, para os moradores a dor de cabeça é a perda da tranquilidade. A contabilista Sirley Nascimento, de 37, sofre com os engarrafamentos diários e reconhece a importância da duplicação, mas também teme impactos negativos das intervenções. “Não sabemos se a estrutura do prédio vai aguentar. Pelo projeto, vai passar um viaduto bem ao lado”, reclama a moradora. O prédio fica às margens da avenida, bem em frente ao Parque Municipal Lagoa do Nado, área verde que não sofrerá alterações com a obra. (FA) *Publicado em: 27/08/2010 / Estado de Minas / Gerais